36 dias para as eleições: cartilhas dão dicas de como votar


As eleições municipais deste ano ocorrerão no dia 7 de outubro. Restam, portanto, apenas um mês e sete dias para que os eleitores das mais de 5,5 mil cidades brasileiras elejam prefeitos e vereadores. Na semana passada começaram as propagandas eleitorais gratuitas no rádio e na TV, e é nesse momento que as pessoas começam a se perguntar: “E aí, você já sabe em quem vai votar?”.

O diretor-geral do Movimento Voto Consciente, Danilo Barboza, afirma que estudar bem o candidato antes de votar evita más consequências para a sociedade. “O voto consciente possibilita que tenhamos melhores legisladores e executivos, e, por consequência, leis mais relevantes e a melhor administração institucional, proporcionando ganhos para todos”.
Segundo Barboza, apesar de a lei da Ficha Limpa considerar inelegíveis os candidatos condenados em órgãos colegiados, seria importante que os eleitores analisassem a situação dos políticos. “Como são muitos candidatos, a nossa opinião é que se algum possuir problemas na Justiça, o eleitor deve escolher um dos outros que não tenha”, aconselha.
De acordo com a cartilha Campanha Eleições Limpas, para que o eleitor vote consciente, ele deve conhecer a história dos candidatos. A publicação propõe um roteiro de perguntas que o cidadão pode se fazer para observar a conduta de quem pretende entrar na carreira política: “Que participação teve na vida social e política da comunidade, na vida municipal, estadual ou nacional? Que tipo de compromissos assumiu como cidadão e político? Quem nada fez até hoje pelos leitores, com toda probabilidade, vai continuar a não fazer, mesmo sendo eleito”.
Uma das recomendações para que os cidadãos acompanhem as propostas de quem almeja cargos públicos é verificar o que é divulgado sobre eles nos meios de comunicação e folhetos distribuídos. “Convém ficar atento, ler e ouvir as informações, discutir o assunto com amigos e conhecidos, comparar os discursos dos candidatos, pensar no que eles dizem e no que dizem deles”, sugere a cartilha.
Segundo as dicas, também é importante conhecer os programas de governo que pretendem executar durante os mandatos. “Procure conhecer o programa do seu candidato antes de definir o seu voto. Ele deve responder às necessidades da sociedade.”
Danilo Barboza explica que as eleições para vereadores são proporcionais, e que por isso os votos para um candidato acabam sendo contabilizados na sua coligação e podem beneficiar outras pessoas. “A votação flui do que recebeu mais votos para o que recebeu menos. Então você com certeza vai eleger alguém em quem você não votou”. Para evitar isso, Barboza sugere que os eleitores examinem a situação dos outros candidatos da coligação.
A cartilha adverte para essa possibilidade da democracia ser exercida mesmo que o candidato não tenha condições estatísticas de vencer. “As eleições não são um jogo em que só vale vencer. Não adianta nada votar num candidato favorito se você não for capaz de confiar verdadeiramente em suas intenções. É melhor dar o voto a quem a consciência indique ser o melhor candidato, mesmo que as suas chances de vitória pareçam limitadas”.
Quanto à possibilidade de haver poucas opções, tendo em vista os maus exemplos de políticos, e os eleitores serem obrigados a escolher a “menos pior”, a publicação recomenda que “ser cidadão implica participar ativamente, repensando atitudes e, se necessário, alternando pessoas e partidos no poder”.
Para a diretora do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Jovita José Rosa, o financiamento da campanha pode ser um bom caminho para analisar o perfil do candidato. “Se o político já teve outra candidatura, o eleitor pode pesquisar quem foram os doadores, se ele prestou contas e se essa prestação foi aprovada. Isso demonstra que ele tem zelo”.
Jovita Rosa também acredita que os eleitores que vendem votos também são responsáveis. “O eleitor que vende voto também é corrupto. Além disso, se o candidato comprou e pagou, não deve mais nada. Ou seja, uma vez que a gente vende o voto, perde até o direito de reclamar”, avalia.
Votos nulos e brancos
Outra cartilha que busca dar dicas aos eleitores sobre como proceder durante as eleições é a “Voto Responsável – Eleições no Brasil”. Produzida pelo Instituto Ágora em Defesa do Eleitor e da Democracia, o documento procura desestimular a prática dos votos brancos e nulos.
“Votar em branco não faz diferença nas eleições. Esses votos não são considerados válidos na contagem final. São simplesmente descartados. É o mesmo destino dos votos anulados”. De acordo com os autores da cartilha, tomar essa decisão significa o mesmo que não votar, e a escolha dos candidatos acaba ficando nas mãos dos que preferiram votar.
“Vale ressaltar também que, para o primeiro turno das eleições, quem decide votar em branco ou nulo pode acabar contribuindo, mesmo que indiretamente, com o candidato melhor colocado na disputa”, aconselha a cartilha.
A cartilha também apresenta um roteiro para que o eleitor avalie o seu candidato. O bom político, normalmente, é aquele que:
- Tem uma história de luta pelos direitos daqueles que o elegeram;
- Cumpriu até o fim os mandatos para os quais foi eleito;
- Apresentou ou aprovou projetos que atendam aos interesses do eleitor;
- Que não muda de partido ou de opinião;
- Não falta a atividades em que sua presença é importante;
- Manteve contato com seus eleitores, mesmo depois de eleito. (Se não exerceu um cargo eletivo)
- Já exerceu alguma atividade política (associações de bairro, grêmios estudantis, conselho municipais etc.)
- Tem experiências relacionadas ao cargo que irá exercer;
- Possui conhecimento das leis sobre os temas que irá tratar;
- Tem sua candidatura apoiada por pessoas honestas e de confiança.





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