Maduro confirma favoritismo e vence eleições presidenciais na Venezuela


O sucessor de Hugo Chávez, Nicolás Maduro, foi anunciado, nesta segunda-feira (15), como o novo presidente da Venezuela conquistando 50,66% dos votos. Apesar do sistema eleitoral do país ser dotado de urnas eletrônicas garantindo um rápido processo de contagem, o resultado oficial demorou para ser divulgado gerando grande apreensão nos partidários dos candidatos. A vitória do líder chavista permitirá que o movimento bolivariano permaneça no poder por mais seis anos.

O candidato governista venceu as eleições presidenciais na Venezuela por uma margem mínima sobre o líder opositor Henrique Capriles, informou o CNE (Conselho Nacional Eleitoral).
"Temos o candidato Nicolás Maduro Moros com 7.505.338 votos, ou 50,66%, e o candidato Henrique Capriles Radonski com 7.270.403 votos, ou 49,07%", informou a presidente do CNE, Tibisay Lucena.
Lucena acrescentou que a participação foi de 78,71% dos 19 milhões de eleitores habilitados.
"Estes são os resultados irreversíveis que o povo decidiu com este processo eleitoral", disse Lucena, antes de pedir aos venezuelanos "que sigam para casa tranquilamente".
O vencedor
Nicolás Maduro, que já foi motorista de ônibus e sindicalista e se declara um "apóstolo" de Hugo Chávez, enfrentará o difícil desafio de preencher o vazio deixado pelo carismático líder e garantir a continuidade de sua obra na Venezuela.
Escolhido por Chávez como seu herdeiro político, Maduro, de 50 anos, concentrou sua campanha na imagem do falecido presidente, insistindo em que é seu "filho" e que apenas sua vitória poderá manter os benefícios sociais da revolução chavista.
No total, 19 milhões de venezuelanos estavam habilitados a votar para eleger entre o 'chavista' Nicolás Maduro e o opositor Henrique Capriles o sucessor de Chávez, que permaneceu 14 anos no poder até ser derrotado por um câncer, em 5 de março passado.
Cerca de 170 organizações internacionais acompanharam o processo eleitoral, entre elas o Centro Carter.
Expectativa
Chavistas e oposicionistas cantavam vitória na noite do último domingo (14) na Venezuela, em meio à expectativa sobre os resultados das eleições para apontar o sucessor do finado presidente Hugo Chávez.
Jorge Rodríguez, chefe da campanha chavista, convocou o povo para uma concentração diante do Palácio de Miraflores, a espera do pronunciamento do candidato e presidente interino, Nicolás Maduro.
"Temos amplos setores da população, agora mesmo, celebrando, expressando sua alegria", declarou Rodríguez.
"Insistimos para que (a oposição) respeite o árbitro", disse Rodríguez sobre o CNE (Conselho Nacional Eleitoral). "O resultado vamos defendê-lo, mas peço ao povo que aguarde o resultado com calma".
Na chamada "Esquina Quente", ponto de encontro de chavistas na Praça Bolívar, no centro de Caracas, partidários de Maduro comemoravam a vitória aos gritos de "Chávez te honramos, ganhamos e permanecemos" e "Chávez vive e a luta continua".
O secretário-executivo da opositora MUD (Mesa da Unidade Democrática), Ramón Guillermo Aveledo, qualificou o chamado de Rodríguez para uma concentração diante do Palácio de Miraflores como "uma das maiores irresponsabilidades da história política da Venezuela", e convocou os fiscais da oposição a acompanhar a apuração voto a voto.
No Twitter, o candidato da oposição, Henrique Capriles, divulgou várias mensagens de otimismo: "Sigo recebendo resultados de todo o país! Mudaram as coisas em relação ao 7 de outubro! Viva o bravo povo venezuelano"!
Capriles perdeu as eleições de 7 de outubro para Hugo Chávez.
"Anzoátegui! Nova Esparta! O oriente da nossa Venezuela votou pelo progresso! Bravo! Obrigado Virgem do Vale", escreveu Capriles sobre os resultados.
No distrito de Chacao, feudo da oposição na região de Caracas, fogos de artifício iluminavam o céu.
"A noite está boa e o amanhecer será ainda melhor (...)", previu Aveledo antecipando uma vitória de Capriles.
Os dois lados também trocaram acusações na noite do último domingo, a espera da divulgação dos resultados pelo Conselho Nacional Eleitoral.
"Alertamos o país e o mundo sobre a intenção de mudar a vontade expressada pelo povo" venezuelano, escreveu Capriles no Twitter.
"Exigimos da reitora Tibisay Lucena (do Conselho Nacional Eleitoral) o fechamento das seções eleitorais. Estão tratando de votar com as seções fechadas! - denunciou Capriles.
Aveledo disse que a oposição "sabe perfeitamente o que ocorre" para enganar o povo, e que "o chefe da campanha governista Rodríguez) tem consciência de que engana o povo".
O vice-presidente venezuelano, Jorge Arreaza, advertiu que Capriles e a oposição devem ter "muito cuidado" com as denúncias. "Vamos ter consciência e respeitar o povo, nossos filhos e filhas, nosso futuro".
"Se vocês têm algum tipo de denúncia, aqui há instituições, há o Conselho Nacional Eleitoral. Oxalá isto seja (a denúncia) porque 'hackearam' a conta de Capriles como 'hackearam' a do presidente Nicolás Maduro".
Mais cedo, Rodríguez havia denunciado um ataque de hackers "à conta do nosso presidente (interino), candidato da pátria e filho de (Hugo) Chávez, Nicolás Maduro, e à conta do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela)".
A ação "é mais uma amostra do grande desespero (da oposição) e queremos fazer um apelo ao comando antichavista para que conserve a calma, que na democracia se ganha e não se perde", disse Rodríguez, atribuindo o ataque a "inescrupulosos e promotores da guerra suja elaborada a partir de Bogotá".
No sábado (13), Maduro denunciou uma "guerra suja que fazem a partir de Bogotá contra a paz na Venezuela, contra minha pessoa e contra o presidente".
Maduro acusou o assessor político venezuelano Juan José Rendón de dirigir um "grupo de guerra suja para envenenar o clima eleitoral e inocular ódio que provoque violência na Venezuela". J.J Rendón, como é mais conhecido, assessorou os presidentes venezuelanos Carlos Andrés Pérez e Rafael Caldera durante suas campanhas vitoriosas para as eleições de 1987 e 1993.
A troca de acusações ocorreu ao final de uma jornada qualificada de "total tranquilidade" pelas autoridades eleitorais, após o início do fechamento das urnas, às 18h00 local (19h30 Brasília).
"O processo eleitoral se desenrolou com total normalidade, com total tranquilidade", disse a funcionária do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) Sandra Oblitas, em entrevista coletiva minutos antes do fechamento das urnas.
Os dois candidatos mantiveram um discurso agressivo durante a campanha e esse tom mais elevado evidenciou a divisão social que reina no país, alimentada nos últimos anos pelo discurso polarizador de Chávez, que traçou uma linha divisória entre ricos e pobres e decidiu que quem não estava com ele, estava contra ele.
Além da reconciliação nacional, o próximo presidente, que governará até 2019, enfrentará o desafio de uma economia totalmente dependente da renda petroleira e atingida pelo déficit público, a inflação, queda violenta da produção, a escassez generalizada e a seca de divisas, fora a insegurança que reina no país, com 16 mil homicídios em 2012, a maior taxa da América do Sul.

RADIALISTA SEBASTIÃO BARBOSA
COM R7

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